A doença celíaca é uma enteropatia auto-imune, induzida pela ingestão de glúten, estando subjacente uma predisposição genética. O contexto epidemiológico da doença expandiu-se e, atualmente, é considerado a intolerância alimentar mais comum no mundo.
O diagnóstico pode ser estabelecido em idades avançadas. Reconhece-se um amplo espectro de manifestações clínicas, de carácter sistêmico e muitas vezes pauci-sintomático. O tratamento consiste em uma dieta sem glúten, indefinidamente, o que conduz na maioria dos casos a remissão clínica, laboratorial e histológica.
O glúten é o fator indutor da doença. Trata-se de uma proteína existente em diversos cereais, constituída por prolaminas e gluteninas. As prolaminas tóxicas encontram-se no trigo (gliadina), cevada (hordeína) e centeio (secalina).
Alguns dos sinais principais de intolerância são:
1. Dor de estômago
Quando há intolerância, após a ingestão de alimentos com trigo, cevada ou centeio é comum surgirem sintomas como excesso de gases, barriga inchada, diarreia ou prisão de ventre. Além do mal estar abdominal, as células do intestino também ficam danificadas, causando má absorção de vitaminas e minerais.
Como diferenciar: A dor da intolerância é recorrente e normalmente é acompanhada por gases e alterações intestinais principalmente após a ingestão de pães, bolos ou massas, enquanto a dor da gastrite, por exemplo, sempre ocorre após as refeições ou quando se fica muito tempo sem comer.
2. Tontura
A ingestão de glúten pode provocar tonturas, confusão mental, desorientação ou sensação de cansaço após a refeição, mas esses sintomas normalmente não são relacionados à intolerância, e por isso passam despercebidos.
Como diferenciar: A tontura causada pela intolerância aparece mesmo quando se está bem alimentado e descansado, não tendo relação com o excesso de atividade física ou alterações na pressão arterial.
3. Alterações de humor
Devido ao mal estar intestinal, é comum que ocorram alterações no humor principalmente após as refeições, com sintomas de irritabilidade, ansiedade ou tristeza.
Estas frequentes alterações de humor também causam cansaço e fadiga, mesmo após uma boa noite de sono. Isso acontece porque o corpo está concentrado em combater a inflamação no intestino, gastando toda a energia que daria ânimo e disposição para um novo dia.
4. Enxaqueca crônica
Em geral, a enxaqueca provocada por esta intolerância começa cerca de 30 a 60 minutos após a refeição, podendo ocorrer também os sintomas de visão embaçada e dor ao redor dos olhos.
Como diferenciar: As enxaquecas comuns não têm hora para começar e normalmente estão ligadas ao consumo de café ou álcool, não tendo relação com alimentos ricos em farinha de trigo.
5. Coceira na pele
A inflamação no intestino causada pela intolerância pode provocar ressecamento e coceira na pele, criando pequenas bolinhas vermelhas. No entanto, esse sintoma por vezes também pode estar ligado a uma piora dos sintomas de psoríase e lúpus.
Como diferenciar: Deve-se retirar da dieta os alimentos com trigo, cevada ou centeio, como bolos, pães e massas, para verificar se ocorrem melhorias na coceira com a alteração da alimentação.
6. Dor muscular
O consumo de glúten pode causar ou aumentar os sintomas de dor muscular, nas articulações e nos tendões, clinicamente chamada de fibromialgia. Também é comum ocorrer inchaço, principalmente nas articulações dos dedos, dos joelhos e do quadril.
Como diferenciar: Deve-se retirar alimentos com trigo, cevada e centeio da alimentação e verificar se os sintomas de dor melhoram.
7. Intolerância à lactose
É comum que a intolerância à lactose se apresente juntamente com a intolerância ao glúten. Assim, pessoas que já têm o diagnóstico de intolerância à lactose têm mais chances de apresentar intolerância a alimentos com trigo, cevada e centeio, devendo estar mais atentas aos sintomas.
Como saber se é intolerância?
Na presença desses sintomas, o ideal é fazer exames que confirmem o diagnóstico de intolerância, como exame de sangue, de fezes, de urina ou a biópsia intestinal.
Além disso, deve-se excluir da dieta todos os produtos que contenham essa proteína, como farinha, pão, biscoito e bolo, e observar se os sintomas desaparecem ou não.
Fonte: DOENÇA CELÍACA REVISITADA S. RITO NOBRE1 , T. SILVA2 , J.E. PINA CABRAL1